sábado, 26 de abril de 2008

Preto e Branco

Da janela eu vejo as luzes dos postes iluminando a cidade vazia
vejo as casas espalhadas aleatóriamente em seus terrenos
a montanha logo a frente com algumas luzes também, porém muito remotas
eu vejo as estrelas logo ali em cima
nesse céu escuro e distante
dando um certo brilho na noite fria que aqui faz
não se ouve um barulho se quer
a não ser o som do vento falando com as árvores
ou as gotas de chuva arrematando a superfície
a fumaça do cigarro é carregada pelo gélido vento
que corta minha face como se fosse uma lãmina afiada
os dias são cinzas, assim como as pessoas que vejo passar
tudo é tão simples, simples demais,
mórbido demais
solitário demais
quieto demais
tudo que vejo é um lugar em preto e branco.
e assim os pensamentos fluem
e entre as diversas coisas que vem em sua cabeça num momento desses
percebo que não pertenço mais a esse lugar
essa casa, já não é mais minha
esse quarto jamais fora meu
digamos que sou apenas um turista muito bem vindo nessa casa
mas não nesse lugar
sinto-me deslocado
e entre um cigarro e um pensamento
a solidão aumenta, e tudo se torna um pequena luta contra o tempo.
por favor, me leve logo para casa.

segunda-feira, 21 de abril de 2008

Circulo vicioso

E assim como em uma rotina
você se deixa levar por um circulo vicioso de acontecimentos
e quando as coisas não acontecem da forma que você espera
então você fica triste.
mas essa tristeza não passa de uma tristeza forçada
está triste, porque você a buscou
porque você se arriscou a passar por isso
e então quando ela chega, de nada adianta reclamar e chorar...
você olha para tráz e vê quantas coisas inúteis foram feitas
e pensa a respeito de tudo, horas, dias, semanas...
para não cometer o mesmo erro mais uma vez
mas e quando esse erro do passado volta a te atormentar, o que é válido ser feito?
existe ainda alguma coisa a ser feita?

daí você , sem perceber, começa a trocar sua rotina de acontecientos
e ver as coisas daquela forma diferente
consequencia do tal crescimento
e voce percebe que se sofre muito mais assim
que de vilão das histórias, você passa a ser a vítima
e mais uma pergunta se formula em sua cabeça
será que é melhor ser egoísta e deslocado como antes ou ser quem você é hoje?

e quem é você hoje?
você é o que você faz ou o que você pensa ?
só fazer e não pensar é tão válido quanto pensar mas não fazer?
então você se pergunta o que é você
talvez uma mistura dos dois, do pensar e do fazer
talvez você não é nenhum dos dois,
apenas idealiza
defende alguma teoria por ti criada
ou simplismente roubada de um personagem de filme
mas idealizar é bem diferente de seguir
e conforme as coisas vão acontecendo ,
percebe que o salto entre essas duas simples palavras
é muito, muito maior do que um espaço no seu computador
do que uma pausa no seu pensamento
que uma tomada de ar entre uma palavra e outra
e então volta o mesmo circulo vicioso

você cai na real, fica triste, sabe exatamente a teoria a ser seguida
reclama sobre as mesmas coisas mas com diferentes personagens pra seus amigos
que já de certa forma nem te ouvem mais até você parar de falar
porque a história é repitida
porque eles sabem que de alguma forma os conselhos se perdem dentro de você
em alguma espécie de buraco negro onde tudo que lhe foi dito se perde
tudo que você disse pra você mesmo se perde junto...
e você também não se empolga muito
porque você sabe que é de novo as mesmas coisas
a mesma rotina de acontecimentos

e eu estou falando sobre esse rapaz que por algum motivo pára,
pensa sobre as atitudes passadas
decide tomar um rumo e fazer as coisas diferentes
tem uma ótima e muito interessante ideologia
demontra estrar pronto
mas sai lá fora e faz tudo errado de novo
e quando por algum outro motivo ele percebe que errou
ele pára, acredita ser alguém muito mais do que aparenta,
pensa sobre as atitudes passadas,
decide tomar um rumo e então se mostrar aquela pessoa que ele acredita ser
com sua ótima e muito interessante ideologia
sai , e faz tudo errado de novo.



mas escrevo pra dizer que eu ainda acredito nele
ele ainda sairá e fará as coisas certas pela primeira vez.

segunda-feira, 14 de abril de 2008

Nostalgia

Sinto falta da época em que a Angélica interpretava "A fada Bela"
quando tudo era divertido
quando brincava-se pela vizinhança
pela cidade vazia
bicicleta, esconde-esconde, roller, carrinho...
quando valia acreditar que seria estrela de Hollywood
cantor da Brodaway
vocalista tão pop quando o Júnior
da época em que meu maior problema era o doce que eu não ganhava ás vezes
mesmo rolando no chão do supermercado

Sinto falta da época em que as torres gêmeas de Nova Yok forão ao chão
quando ficar com os coleguinhas de aula era divertido e inconsequente
quando ter namoradinhas e paixões platônicas de ginásio me fazia escrever cartas me declarando
quando nas festas só havia coca-cola
e mesmo assim eu levava a vodka escondido na mochila
e as carteiras de cigarros de Hollywood menta eram compradas com muito receio
na época em que eu quase morria tossindo se eu tragasse.

Sinto falta da primeira eleição do Lula
quando descobri que havia outros "meninos" na cidade
e por mais feios que fossem, era a única opção.
e ficava feliz com isso
eram boas pessoas, talvez muito mais interessantes que as de hoje.
da época em que eu não dava bola para a estética
o importante era ter uma compania pra filmes, saídas pelas noites frias de céu estrelado que fazia no oeste,
com as altas Araucárias fazendo a paisagem...

Sinto falta da época em que o avião da Gol bateu em outro avião menor
Do ano da última Copa do Mundo...
foi quando morei longe de tudo e todos que eu era acostumado na antiga pequena cidade.
era quando eu vivia todos os dias como se fossem o último
e sempre, sempre dava um jeitinho de fazer o dia ser especial
era quando os dias eram contados, e então não havia tempo para desperdício
mas principalmente, quando eu não procurava e nem tinha nenhum amor a não ser alguns poucos e especiais grandes amigos que me faziam sorrir todos os dias
e sim, se fosse comparar minhas lárgimas com chuva naquele ano,
o mundo morreria com a falta de chuva por um ano inteiro.

Sinto falta da época da re-eleição do Lula
de quando o país todo ouviu falar do "mensalão"
do escândalo dos Correios...
quando eu só precisava de uma pessoa para fazer todos os dias serem felizes
quando jurava que o amor era Everlasting
de quando uma ligação me fazia sorrir ou até chorar
de quando sair de casa era raridade, porque a felicidade estava so meu lado todos os finais de semana
de quando ninguém mais importava, nem nada mais.
tudo era colorido.
era o amor.

Sinto falta de quando teve o Caos Aéreo
quando Biocombústiveis estavam em todos os tópicos de discussão no mundo
era quando eu estava maravilhado pela vida que estava tendo
cheia de festas e pessoas "como eu"
quando conheci tanta gente...
quando uma outra era minha compania de todos os dias e se resumia a todos
de quando eu estava bobo com tantas coisas acontecendo rápido demais
empolgantes demais
festas demais
quando acreditava que poderia morrer na vida de bohemia que seria feliz
que todos eram seus amigos e queriam seu bem
que todos era muito fodas e eu admirava todo mundo
quando calças coladas vieram a fazer parte pela primeira vez do meu guarda-roupa.
tudo era divertido.

Ainda bem que existe a música, e cada época marcada pelas respectivas trilhas sonoras
assim eu posso ir e voltar nos pensamentos quando eu quiser
só não sei porque não consigo sentir as mesmas coisas que sentia quando volto para trás
eu juro que tento...

será que é por causa do formol?
acho que não tingirei nem alisarei mais o cabelo então.

domingo, 13 de abril de 2008

E a chuva sempre existiu

Nada como um domingo nublado
e então uma noite de domingo chuvosa
enquanto a chuva cai
e molha os filtros de cigarros fumados ao meu redor
me pergunto a quanto tempo a tristeza e o sentimento de solidão está presente em minha pessoa
e percebo que já está durando tempo demais
a quanto tempo estou olhando para as pessoas com um olhar crítico
criando teorias sobre coisas tão fúteis quanto modismo e tão complexas quanto o cérebro humano.
a quanto tempo estou me criticando
e com uma certa raiva de mim mesmo por saber o "certo" mas praticar o "errado".
é então que vem o famoso clichê dos pensadores: o que é o certo e o que é o errado.
há quem acredite que homosexualismo é errado
porque Deus criou o homem e a mulher, assim seria o correto
há quem acredite que o certo é conhecer bem o parceiro antes de namorar,
mas há quem acredite que nada melhor que o namoro pra você conhecer tudo da pessoa.
eu, que acredito sempre estar certo sobre meus pensamentos e decisões...
mas quem disse que estou certo?
mas também quem provará que estou errado?
e então nesse meio tempo, mais um cigarro se vai
e tão rápido, uma gota d'água apaga a brasa a queimar
senti como se o mesmo estivesse acontecido com aquele sentimento de felicidade comigo mesmo
de orgulho das minhas atitudes
de quem sou eu
das pessoas ao meu redor
dos amigos
dos amores...
até eu finalmente perceber que essa gota que apagou a brasa
na verdade sempre existiu em minha vida
a chuva sempre existiu
mas antes eu não a deixava apagar essa brasa
e agora está na hora de encarar certas coisas que antes eu ignorava
está na hora de pensar em fatos que antes eu não pensava
como se fosse a gota final para o crescimento e amadurecimento
e crescer...
e crescer dói.
machuca.

quinta-feira, 10 de abril de 2008

Me traga mais uma cerveja

Hoje percebi que conheço o futuro melhor do que qualquer outro
eu sei o que esta por vir
mesmo que ás vezes faça sempre o contrário
mas eu sei,
eu sempre sei
tudo é tão previsivel
as pessoas são previsiveis
os amores
os fatos
o cotidiano...
nada vai mudar
estou acomodado nesse mundo ilusionista dentro de mim
e prefiro continuar assim
as paixões platonicas
os videoclipes na minha cabeça enquanto a música toca no rádio
é tudo tão mais bonito
prefiro continuar no meu mundinho
ele não é tão previsivel quanto o real.
então, garçom, por favor me traga mais uma cerveja
não quero ficar sóbrio
não essa noite
não agora.