quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

Pequenas coisas em grandes proporções

O som do mar ecoa em minha cabeça, enquanto o cigarro toma conta dos pulmões. Idéias frenéticas surgem na mente e são decodificadas em meu cérebro. Conversas longas e polêmicas. De religião à homosexualismo. De sociedade à morte. Teorias e filosofias, algumas sem nexo algum porém com pinceladas de sentido. O som dos carros rasgando o ar em uma frequência frenética e descontrolada. Quatro amigos. Quatro cadeiras. Chimarrão. E então paralelamente às conversas, minha cabeça se perde da imensidão do mar e viaja tão rápido quanto a luz para lugares distantes. Para memórias quase esquecidas no emaranhado de informações. Os breves risos quebravam a seriedade das opiniões. Sim, foram momentos felizes. Aquele momento em que você é ouvido, e que as pessoas param para ouvi-lo. Assim descobrir que nossa linha de ideais é muito maior do que jamais havia pensado. Desenvolvendo cada palavra, formulando cada teoria, repassando várias filosofias. Isso é que faz crescer, e são momentos como esse que as vezes deixamos para tráz na correria de acontecimentos do cotidiano. Na rotina. Não somos tão miseráveis quanto as vezes parecemos ser. Não somos tão errados ou certos quanto nos dizem. Momentos como esse é que te faz expressar o que talvez você nunca se quer tenha parado para pensar sobre. Espontâniedade. Crecimento. E para crescer não precisamos cair, não precisamos nos afogar no mar, não precisamos chegar no poço, quando simplismente pode-se crescer com as pequenas coisas que a vida dos oferece todos os dias. E nós, com nosso circulo viciosos apelidado carinhosamente de rotina, não paramos para desfrutar, reparar, perceber e associar. Cada dia têm uma razão para ser um novo dia. Cabe a cada um de nós interpretar o que nosso dia tem a nos repassar, para que conforme passem, você não fique para tráz em sua mediocriedade. Não é preciso tiro para matar e nem médicos para salvar. Quem faz um ou outro com nossa integridade, somos nós mesmos.

Nada, nenhuma decisão tomada, é errada.
Muito pelo contrario, tudo está e sempre foi certo.
E isso, isso se chama vida.

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Olhos azuis também mentem.

Meu corpo fora do controle...
Meus pensamentos sem sequência alguma...
A música toma conta de preencher o espaço vazio dentro de mim,
e o corpo se deixa levar por uma batida, por uma voz, um violão...
Meu coração dispara, reclamando.
Sinto uma fria brisa em minhas pernas descobertas.
Parecia ser a única pessoa acordada naquela madrugada...
De cima observava a cidade vazia, quieta... iluminada,
e além das luzes? A escuridão tomava conta.
Mas nada mais importava se não a música, o sentimento de solidão , e o céu.
A lua estava a brilhar e ao seu redor estrelas a completavam.
Juntas, o céu mais lindo que já havia visto.
Ou pelo menos que eu tenha reparado...
Me sentia feliz.
Me sentia leve.
Pulava.
Dançava.
Gritava
Ria...
Ria para não chorar.
Gritava para não ter que falar.
Dançava para tentar relaxar.
Pulava tentando chegar o mais próximo possível daquele céu.
Leveza para que o vento me levasse para bem longe.
E me sentia feliz... porque ali...
Ali eu não precisava fingir.

sábado, 13 de dezembro de 2008

Night it's all right.

Deixei para trás a beleza do mar
pela beleza do céu.
Troquei os prédios altos e sufocantes,
por casas simples, pessoas simples,
um lugar simples.
Um lugar onde a lua ilumina com tanta intensidade que meus olhos até lacrimejam,
que minha pele a reflete ,
e que meus pensamentos, voam...
Assim como a fumaça que paira no ar por longos segundos até desaparecer.
Apenas com o cigarro que queima entre meus dedos como compania.
Na verdade se não fosse pelo som resultante da brisa contra as árvores,
poderia talvez me considerar sozinho nessa noite.
Na realidade todas as noites têm sido de certa forma vazias.
Todas as noites meu amigo Marlboro me acompanhou,
e claro, a querida Heineken era a que libertava meus pensamentos,
de uma forma que os mesmos se resumissem a um nada.
A um buraco.
Buraco este que na realidade é tudo.
As estrelas se exibem nessa noite...
A temporada de caça ao antigo John está aberta.
Se alguém souber onde o encontrar... não diga nada.
Cale-se,
pois quando for a hora, eu ei de encontrá-lo.
Seja numa tumultuada multidão de pessoas perdidas,
talvez no meio dos frajelados da enchente na fila para a cesta básica,
ou simplismente no vazio de uma noite...
Porém cheia de pensamentos espalhados pelo ar.

Night...oh ya...night it's ok.

quarta-feira, 20 de agosto de 2008

Eles.

Há uma pessoa sentada na beira da calçada
a sua frente uma rua deserta apenas com grãos de areia e pedras
algumas poças d'água acumuladas com a forte chuva da madrugada
o dia está apenas começando e os primeiros ônibus a circular a cidade
não se ouve uma alma viva andando por ai
nenhuma conversa, nem passos, muito menos risadas
apenas o som do ar entrando e saindo de seus pulmões carregados de fumaça
ou então pequenos e baixos estalinhos causados pela brasa do cigarro queimando o fino papel
a garota então retira da mochila a suas costas uma pequena agenda
e abre no dia 8 de Outubro.
Fecha rapidamente assim que avistou o número 8.
E assim ousou abri-la e fexa-la mais algumas vezes em questão de alguns segundos.
Até seu coração implorar por compaixão e ela jogar sua agenda alguns metros, numa pequena poça a frente.
Enquanto suas páginas iam enfraquecendo com a água, outro cigarro era asceso.
A respiração estava pesada e seus olhos pareciam brilhar como duas pérolas na fria manhã de 8 de outubro de 1984.
Tragadas atrás de tragadas sem pausa para uma brexa de ar puro.
Sua perna direita incostantemente fazia movimentos repetidos
Seu sapato então a encontrar levemente o chão
Quebrando o silêncio da rua.
Seus cachos loiros estavam mais belos que nunca
Mas ela nunca se sentira tão rejeitada.
Minutos se passaram.
A rua já apresentava alguns singelos sinais de compania para a garota ainda sentada
Ainda fumando
Ainda chorando
Ainda esperando...
Esperando que seu amor volte ao lugar aonde tudo começou
Dois já se passaram
Dois 8 de outubro já clarearam
Duas frias e canssativas manhãs
Para ela que acredita que um dia, seja aonde for que ele esteja
Ele terá a mesma ideia e volte para a reencontrar.
Mal sabe ela que seu grande amor não mais retornará em um dia 8 de outubro.
Mal imagina ela que ele nunca mais retornará em nenhum dos dias.
Louco. Pirado. Doente.
Era o que seus médicos diziam no hospício.
Enquanto ele desenhava e re-desenhava uma linda garota loira com giz de cera
Então sorria
Mas logo que seus pais viam o retrato
Eles a apagavam
E ele era castigado
Olhava pela janela vendo a fria luz azul do único poste da rua
E então chorava. Dias, noites, semanas...
Até a algumas horas atrás ter uma conversa intima com uma corda
Tentou chegar ao chão, mas no ar suspendeu-se.
As últimas palavras: não há mais vida por que minha vida era você.
Ela fumava.
Ela esperava.
Ela chorava.
Ele gritava.
Ele agonizava.
Ele esperava.
"Ela" na verdade era um "ele".
E a loucura na verdade era amor.

segunda-feira, 11 de agosto de 2008

A insanidade doida da loucura

Uma fresta de sol banha pedaços da mesa com pratos abandonados com um resto de comida
abandonados pelo cigarro e o assunto que não para de fluir.
Um cigarro atrás do outro, uma palavra parecendo querer atropelar a outra de tanta pressa.
Aceito alguns comprimidos "para acordar" depois de uma canssativa noite que parecia inacabável.
O tempo é curto, o assunto é direto.
Uma louca me diz no auge de seus 27 anos que somente então descobrirá o que é amar
que só então estava desfrutando da tal felicidade interior.
Eu a observo falar ao mesmo tempo que observo as pessoas ao redor
tentando indentificar a loucura de cada pessoa.
Algumas talvez o ato de fumar já é uma maneira de expressar sua loucura e rebeldia
outras se expressam pelo corte/cor de cabelo
ou então mesmo pelas roupas que as vestem.
E claro, a classe mais louca de todas, os ditos normais.
que são tão loucos que acreditam que são a maioria, corretos, e acima de tudo, juram realmente que são normais.
Mas na verdade todo mundo tem sua loucura.
A diferença é que alguns demonstram sua loucura em público, diariamente, constantemente.
Outros apenas assumem sua loucura quando estão sobre o efeito de álcool ou alucinógenos
Ou simplismente quando estão sozinhos em casa na frente de um espelho ou debaixo do chuveiro.
No fim, somos todos loucos tentando superar o colega que é mais louco ainda.
Louca é aquela que me diz que teve 27 anos na vida para ser feliz e só então esta sendo.
Louco sou eu, que só preciso de alguns minutos de total solidão e esquecimento ao som de Sandy & Júnior Acústico MTV, para o irreal se juntar ao real e tudo se perder numa história só.
Uma cerveja. Cigarros. Pensamentos incessáveis. Certo. Errado. A insanidade doida da loucura.

quarta-feira, 11 de junho de 2008

Pensamentos remotos sem qualquer seguimento

E a palavra "amor" se encontra em todos os lugares nessa época do ano como de costume
nas vitrines e outdoors
nos casais apaixonados
ou mesmo naqueles separados que dizem "eu te amo" mentalmente de olhos fexados na cama ...
e então veem os típicos presentes
presentear quem se ama com uma camiseta, um perfume, rosas ou chocolates...
como se fosse alguma forma de retribuir o tempo que passam juntos com algo material
ou simplismente não ser egoísta e gastar seu dinheiro com alguém que você considera que vale a pena.
vale a pena hoje...
e amanhã talvez nao mais
mes que vem, ano que vem...
mas o que realmente importa é o momento presente.

As lojas cheias.
Pessoas com sacolas por toda a rua.
E eu fico ali parado apenas assistindo as pessoas atravéz da vitrine
atendendo as meninas e mulheres, rapazes e homens que dizem: queria ver um presente pro meu/minha namorado(a)...
algumas pessoas sabem tudo, tamanho do tênis , da camiseta, que estampa gosta ou não.
outras não sabem nem a cor favorita do parceiro, e então como um bom vendedor, tudo é lindo e com certeza ele/ela vai gostar.

A loja vazia e entao fico a pensar
será que essas pessoas que hoje compram os presentes em 4x no cartão realmente acreditam que daqui a 4 meses ainda vão estar juntas?
mas claro, também se tudo que fossemos fazer pensassemos nas possibilidades, nunca fariamos nada.

então caminharei na beira-mar e os restaurantes estarão lotados
filas de carros nos motéis da cidade toda
da janela das casas escuras ve-se apenas a chama das velas iluminando o recinto
e eu ali, caminhando com meu ipod no máximo volume apenas mais uma vez observando.

E então você se pergunta por que estou sozinho?
será que ninguém é bom sulficiente?
será que não sou bom sulficiente?
mas sulficiente é o que? sulficiente pra quem?
o que é sulficiente?

e mais uma vez entra a palavra "ciclo" nesse blog
será isso um ciclo?
você ignora quem tanto diz te amar por que é facil demais
e então quando você se apaixona por alguem a pessoa te ignora pela mesma razão?
então qual é o segredo disso tudo?
qual é o segredo da paixão, do amor.. ?
existe algum segredo...


bem, mais uma vez, com tantas pessoas sozinhas nesse mundo seria indesculpavelmente egoísta ser solitário sozinho... beberei amanhã.

segunda-feira, 5 de maio de 2008

By somebody else

De que vale olhar tanto o espelho
Se ninguém vai te procurar?
De que vale guardar tanto segredo
Se ninguém se interessa?
É inocência então
Crer sobreviver ao dia comum
Quando na verdade ele é quem
Manda em nossa vida e nos dá
O gosto da partida mesmo sem
Nunca termos saído daqui.
É só um dia então
Como outro dia qualquer,
Em quem você não é ninguém
Especial pra ninguém.

Você é jovem até não ser mais
Você ama até não amar mais
Você tenta até não conseguir
Você ri até você chorar
Você chora até rir
E todos devemos respirar
Até o suspiro final...

domingo, 4 de maio de 2008

Nada mais que uma breve análise pessoal

Maldita mania de tentar encontrar respostas para tudo
de tentar sempre querer saber o motivo e a razão pela qual
de nunca aceitar as coisas do outro jeito, quero do meu jeito
sempre argumentar a analizar tudo que acontece ao redor
por que não consigo deixar simplismente as coisas acontecerem como seria normalmente?
como se fosse um quebra-cabeça, eu tento sempre montá-lo por conta própria
eu tento montar as pessoas, as coisas que acontecem, cada passo
sempre querendo um conclusão
essa ambição... e então descontentamento pela falta de respostas.

E sabe o que me irrita muito?
tentar escrever sobre alguma coisa
que você nem se quer sabe o que é.

sábado, 26 de abril de 2008

Preto e Branco

Da janela eu vejo as luzes dos postes iluminando a cidade vazia
vejo as casas espalhadas aleatóriamente em seus terrenos
a montanha logo a frente com algumas luzes também, porém muito remotas
eu vejo as estrelas logo ali em cima
nesse céu escuro e distante
dando um certo brilho na noite fria que aqui faz
não se ouve um barulho se quer
a não ser o som do vento falando com as árvores
ou as gotas de chuva arrematando a superfície
a fumaça do cigarro é carregada pelo gélido vento
que corta minha face como se fosse uma lãmina afiada
os dias são cinzas, assim como as pessoas que vejo passar
tudo é tão simples, simples demais,
mórbido demais
solitário demais
quieto demais
tudo que vejo é um lugar em preto e branco.
e assim os pensamentos fluem
e entre as diversas coisas que vem em sua cabeça num momento desses
percebo que não pertenço mais a esse lugar
essa casa, já não é mais minha
esse quarto jamais fora meu
digamos que sou apenas um turista muito bem vindo nessa casa
mas não nesse lugar
sinto-me deslocado
e entre um cigarro e um pensamento
a solidão aumenta, e tudo se torna um pequena luta contra o tempo.
por favor, me leve logo para casa.

segunda-feira, 21 de abril de 2008

Circulo vicioso

E assim como em uma rotina
você se deixa levar por um circulo vicioso de acontecimentos
e quando as coisas não acontecem da forma que você espera
então você fica triste.
mas essa tristeza não passa de uma tristeza forçada
está triste, porque você a buscou
porque você se arriscou a passar por isso
e então quando ela chega, de nada adianta reclamar e chorar...
você olha para tráz e vê quantas coisas inúteis foram feitas
e pensa a respeito de tudo, horas, dias, semanas...
para não cometer o mesmo erro mais uma vez
mas e quando esse erro do passado volta a te atormentar, o que é válido ser feito?
existe ainda alguma coisa a ser feita?

daí você , sem perceber, começa a trocar sua rotina de acontecientos
e ver as coisas daquela forma diferente
consequencia do tal crescimento
e voce percebe que se sofre muito mais assim
que de vilão das histórias, você passa a ser a vítima
e mais uma pergunta se formula em sua cabeça
será que é melhor ser egoísta e deslocado como antes ou ser quem você é hoje?

e quem é você hoje?
você é o que você faz ou o que você pensa ?
só fazer e não pensar é tão válido quanto pensar mas não fazer?
então você se pergunta o que é você
talvez uma mistura dos dois, do pensar e do fazer
talvez você não é nenhum dos dois,
apenas idealiza
defende alguma teoria por ti criada
ou simplismente roubada de um personagem de filme
mas idealizar é bem diferente de seguir
e conforme as coisas vão acontecendo ,
percebe que o salto entre essas duas simples palavras
é muito, muito maior do que um espaço no seu computador
do que uma pausa no seu pensamento
que uma tomada de ar entre uma palavra e outra
e então volta o mesmo circulo vicioso

você cai na real, fica triste, sabe exatamente a teoria a ser seguida
reclama sobre as mesmas coisas mas com diferentes personagens pra seus amigos
que já de certa forma nem te ouvem mais até você parar de falar
porque a história é repitida
porque eles sabem que de alguma forma os conselhos se perdem dentro de você
em alguma espécie de buraco negro onde tudo que lhe foi dito se perde
tudo que você disse pra você mesmo se perde junto...
e você também não se empolga muito
porque você sabe que é de novo as mesmas coisas
a mesma rotina de acontecimentos

e eu estou falando sobre esse rapaz que por algum motivo pára,
pensa sobre as atitudes passadas
decide tomar um rumo e fazer as coisas diferentes
tem uma ótima e muito interessante ideologia
demontra estrar pronto
mas sai lá fora e faz tudo errado de novo
e quando por algum outro motivo ele percebe que errou
ele pára, acredita ser alguém muito mais do que aparenta,
pensa sobre as atitudes passadas,
decide tomar um rumo e então se mostrar aquela pessoa que ele acredita ser
com sua ótima e muito interessante ideologia
sai , e faz tudo errado de novo.



mas escrevo pra dizer que eu ainda acredito nele
ele ainda sairá e fará as coisas certas pela primeira vez.

segunda-feira, 14 de abril de 2008

Nostalgia

Sinto falta da época em que a Angélica interpretava "A fada Bela"
quando tudo era divertido
quando brincava-se pela vizinhança
pela cidade vazia
bicicleta, esconde-esconde, roller, carrinho...
quando valia acreditar que seria estrela de Hollywood
cantor da Brodaway
vocalista tão pop quando o Júnior
da época em que meu maior problema era o doce que eu não ganhava ás vezes
mesmo rolando no chão do supermercado

Sinto falta da época em que as torres gêmeas de Nova Yok forão ao chão
quando ficar com os coleguinhas de aula era divertido e inconsequente
quando ter namoradinhas e paixões platônicas de ginásio me fazia escrever cartas me declarando
quando nas festas só havia coca-cola
e mesmo assim eu levava a vodka escondido na mochila
e as carteiras de cigarros de Hollywood menta eram compradas com muito receio
na época em que eu quase morria tossindo se eu tragasse.

Sinto falta da primeira eleição do Lula
quando descobri que havia outros "meninos" na cidade
e por mais feios que fossem, era a única opção.
e ficava feliz com isso
eram boas pessoas, talvez muito mais interessantes que as de hoje.
da época em que eu não dava bola para a estética
o importante era ter uma compania pra filmes, saídas pelas noites frias de céu estrelado que fazia no oeste,
com as altas Araucárias fazendo a paisagem...

Sinto falta da época em que o avião da Gol bateu em outro avião menor
Do ano da última Copa do Mundo...
foi quando morei longe de tudo e todos que eu era acostumado na antiga pequena cidade.
era quando eu vivia todos os dias como se fossem o último
e sempre, sempre dava um jeitinho de fazer o dia ser especial
era quando os dias eram contados, e então não havia tempo para desperdício
mas principalmente, quando eu não procurava e nem tinha nenhum amor a não ser alguns poucos e especiais grandes amigos que me faziam sorrir todos os dias
e sim, se fosse comparar minhas lárgimas com chuva naquele ano,
o mundo morreria com a falta de chuva por um ano inteiro.

Sinto falta da época da re-eleição do Lula
de quando o país todo ouviu falar do "mensalão"
do escândalo dos Correios...
quando eu só precisava de uma pessoa para fazer todos os dias serem felizes
quando jurava que o amor era Everlasting
de quando uma ligação me fazia sorrir ou até chorar
de quando sair de casa era raridade, porque a felicidade estava so meu lado todos os finais de semana
de quando ninguém mais importava, nem nada mais.
tudo era colorido.
era o amor.

Sinto falta de quando teve o Caos Aéreo
quando Biocombústiveis estavam em todos os tópicos de discussão no mundo
era quando eu estava maravilhado pela vida que estava tendo
cheia de festas e pessoas "como eu"
quando conheci tanta gente...
quando uma outra era minha compania de todos os dias e se resumia a todos
de quando eu estava bobo com tantas coisas acontecendo rápido demais
empolgantes demais
festas demais
quando acreditava que poderia morrer na vida de bohemia que seria feliz
que todos eram seus amigos e queriam seu bem
que todos era muito fodas e eu admirava todo mundo
quando calças coladas vieram a fazer parte pela primeira vez do meu guarda-roupa.
tudo era divertido.

Ainda bem que existe a música, e cada época marcada pelas respectivas trilhas sonoras
assim eu posso ir e voltar nos pensamentos quando eu quiser
só não sei porque não consigo sentir as mesmas coisas que sentia quando volto para trás
eu juro que tento...

será que é por causa do formol?
acho que não tingirei nem alisarei mais o cabelo então.

domingo, 13 de abril de 2008

E a chuva sempre existiu

Nada como um domingo nublado
e então uma noite de domingo chuvosa
enquanto a chuva cai
e molha os filtros de cigarros fumados ao meu redor
me pergunto a quanto tempo a tristeza e o sentimento de solidão está presente em minha pessoa
e percebo que já está durando tempo demais
a quanto tempo estou olhando para as pessoas com um olhar crítico
criando teorias sobre coisas tão fúteis quanto modismo e tão complexas quanto o cérebro humano.
a quanto tempo estou me criticando
e com uma certa raiva de mim mesmo por saber o "certo" mas praticar o "errado".
é então que vem o famoso clichê dos pensadores: o que é o certo e o que é o errado.
há quem acredite que homosexualismo é errado
porque Deus criou o homem e a mulher, assim seria o correto
há quem acredite que o certo é conhecer bem o parceiro antes de namorar,
mas há quem acredite que nada melhor que o namoro pra você conhecer tudo da pessoa.
eu, que acredito sempre estar certo sobre meus pensamentos e decisões...
mas quem disse que estou certo?
mas também quem provará que estou errado?
e então nesse meio tempo, mais um cigarro se vai
e tão rápido, uma gota d'água apaga a brasa a queimar
senti como se o mesmo estivesse acontecido com aquele sentimento de felicidade comigo mesmo
de orgulho das minhas atitudes
de quem sou eu
das pessoas ao meu redor
dos amigos
dos amores...
até eu finalmente perceber que essa gota que apagou a brasa
na verdade sempre existiu em minha vida
a chuva sempre existiu
mas antes eu não a deixava apagar essa brasa
e agora está na hora de encarar certas coisas que antes eu ignorava
está na hora de pensar em fatos que antes eu não pensava
como se fosse a gota final para o crescimento e amadurecimento
e crescer...
e crescer dói.
machuca.

quinta-feira, 10 de abril de 2008

Me traga mais uma cerveja

Hoje percebi que conheço o futuro melhor do que qualquer outro
eu sei o que esta por vir
mesmo que ás vezes faça sempre o contrário
mas eu sei,
eu sempre sei
tudo é tão previsivel
as pessoas são previsiveis
os amores
os fatos
o cotidiano...
nada vai mudar
estou acomodado nesse mundo ilusionista dentro de mim
e prefiro continuar assim
as paixões platonicas
os videoclipes na minha cabeça enquanto a música toca no rádio
é tudo tão mais bonito
prefiro continuar no meu mundinho
ele não é tão previsivel quanto o real.
então, garçom, por favor me traga mais uma cerveja
não quero ficar sóbrio
não essa noite
não agora.

quinta-feira, 20 de março de 2008

Troca-se um coração por um pulmão

Agora deixe-me contar sobre a história de um rapaz que sempre acreditou ter o poder sobre as situações.
Esse rapaz já fez inúmeras pessoas chorarem
Já fez várias pessoas passarem a noite em claro perguntando-se aonde foi que erraram
Já destruiu festas de vários também com um clássico corte sútil...
Já foi motivo de uma enorme tatuagem nas costas daquele
Já foi motivo de psicanalista desse
Já foi motivo para o outro até cortar os pulsos...
Já fez pessoas usarem drogas para esquece-lo por pelo menos alguns minutos
Já fez pessoas quebrarem os móveis do quarto
Já fez outros ficarem em silêncio e tomarem a dor por si só.
Já riu de situações tristes
Já chorou por pequenas coisas
Já caiu tantas vezes que ninguém a não ser ele mesmo podem contar
Mas também já se levantou tantas vezes que não caberia em um post.
Esse rapaz já se apaixonou e já chorou
Já amou e já sofreu
Já desejou alguém mais que tudo e no fim só obteve o vazio.
Já perdeu grandes amigos para outros e para outros lugares além da nossa natureza.
Sempre chora em dramas americanos
E sempre ri de uma besteira inútil em uma quarta pela madrugada.
Já amou a internet
Já a odiou como nada antes.
Já jogou declarações de amor pela sacada do seu prédio
Já não tem mais aonde guardar outras tantas.
Já se segurou para não dizer "eu te amo"
Já distribuiu tantos "eu te amo" em vão.
E também ja ouviu tantos "eu te amo" que entraram por um ouvido e sairam pelo outro.
Já acreditou que não precisava de nenhum e ninguém
Já percebeu que os verdadeiros amigos são os que no final da guerra sempre ficam.
Já quase morreu
Já teve tantas segundas chances para mudar e viver de novo.
Já amou brincar com pessoas
Já odiou as pessoas.
Para no final de toda a história, ele olhar para trás e pensar:
Oh, olha só o que você fez, você fez todo mundo de tolo
E agora? Parece tão divertido assim sozinho em casa?

Mas na verdade ele sempre soube de tudo
Enquanto todos juravam que ele estava cego pelo ego
Mal sabiam que se enganavam e que o cego na verdade era a pessoa que mais sabia de tudo
Mas o queimão de cigarro
O tapa na cara
Ainda não tinha acontecido, e foi a gota d'água para um efeito borboleta
Que hoje se alastra a meses e nenhum progresso é feito
A tal tristesa passageira parece não ter comprado o ticket de retorno e por aqui ter se hospedado sem pedir nem se quer permissão.
A tal solidão que antes durava nada mais que alguns minutos até a casa do vizinho ou do próximo amigo, agora parece ter pegado carona com a tristesa e por aqui ficado.
As pessoas ao redor parecem todas terem mudado ao mesmo tempo que insistem serem as mesmas.
E como você, caro leitor, deve esperar... tudo termina com o cigarro.
Ou começa com um cigarro.
Ou continua graças ao "um cigarro".
E lá continua esse rapaz escrevendo como nunca antes e fumando como jamais visto.
Troca-se o coração por um pulmão. Diz a placa enquanto ele escreve.

terça-feira, 18 de março de 2008

Está o amor disperço em algum lugar?

E dai você leva um tapa.
Ou um queimão de cigarro.
E você percebe o que todos sempre te falam mas você não quer e não consegue por em pratica mesmo até compreendendo.
Que amor não se procura.
Não anda-se pela rua esperando alguém derrubar os papéis no chão para você ajudá-la a junta-los.
Não anda-se pela casa com as janelas abertas esperando alguém estar te observando até não resistir mais e tocar sua campainha.
Não espera-se alguém aparecer em um dia chuvoso no ponto de onibus para te fazer compania.
Não se vai a academia esperando a pessoa da esteira do lado puxar assunto.
Não vai ser na montanha-russa do parque de diversões que um estranho vai sentar do seu lado e segurar sua mão, com " medo".
Ninguém vai ser atropelado na sua frente por se perder no seu olhar e esquecer dos carros.
Nem a pessoa que você antes odiava vai passar a ser sua amada depois que você descobrir como ela é uma coitada com uma triste história de vida.
Quando você estiver sentado na costa perdido no azul do mar, ninguém vai aparecer para pedir se está tudo bem.

Na verdade o amor está em qualquer pessoa ao seu redor,
agora vai de você conseguir e querer enxergá-lo nas qualidades e defeitos dos outros.
Vai do seu esforço adaptar-se a alguém e conviver com alguém.
Love in nowhere else but deep inside of you.

segunda-feira, 17 de março de 2008

E a culpa é do cigarro...

Um dia você não tem nem um, nem outro.
Então você tem um.
Mas dai aparece o outro e diz que você o tem.
E você pára para pensar, e na verdade você não tem nem um, nem o outro.
E por que que o um apareceu antes do outro se era o outro que eu queria antes do um?
Não sabe responder se o motivo que você não consegue ascender o cigarro é por um ou por outro.
Nem se quer se um ou outro se importam uma vírgula
Ou mesmo o motivo pelo qual eu me importo tanto.
Mas acho que não é questão de se importar, e sim querer resolver tudo ao invéz de deixar as coisas acontecerem.
Coisas acontecerem?
Nem sei se tem ou terão.
Mas e quem disse que algo tem a acontecer também?

Ele fala comigo todas as noites até a hora de dormir,
O outro fala comigo quando nos encontramso por ai, na da nunca combinado, e frases não muito construtivas. Na verdade não chega a ser uma conversa.
Deus por que penso tanto nisso? Será que o cigarro já não me é mais compania sulficiente?

Trocarei de marca então.

quarta-feira, 12 de março de 2008

Must all hearts be broken?

Parece que está estampado nas capas das revistas. Nos outdoors espalhados na cidade. Em todos os jornais. Em qualquer pedaço rasgado de papel na rua. Nas carteiras de cigarro. Nos rótulos das bebidas. Nos materias da faculdade. Nos letreiros das lojas. Na testa de cada um...
O ano começou e parece que com ele as coisas tem começado do zero também. Muitos estão com novos amores. Platônicos ou não... corações espalhados por toda a internet, mensagens, juras de amor eterno... amigos se afastam e outros se aproximam buscando um conselho sobre o amor "ganhado" e outros buscando um ombro por causa do amor perdido. Passa um casal de mãos dadas pela beira-mar sorrindo enquanto logo atrás outros brigando. Mais para frente tem uma garota chorando enquanto o garoto implora por perdão. Pego um cigarro. A música acabou mas a próxima continua, junto com casais por todo o lado. Ali no shopping tinha um brigando enquanto caminhavam, pareciam discutir sobre uma guria que ele conversava por orkut. As vitrines mudaram junto com a estação. E uma revista na banca dizendo: Confira se seu signo bate com o do seu parceiro , faça a combinação e seja feliz!
E seja feliz? Ah se fosse só fazer uma combinação para ser feliz... se fosse só escolher o signo correto e amém.
Enfim, mas e quem disse que todos precisamos de amor e afinal que diabos é esse sentimento que te faz tão feliz alguns momentos com coisas tão simplórias vindo de pessoas aleatórias que conhecemos ontem e que hoje trazemos para casa, apresentamos para a familia e já planos são feitos?
Qual é a lógica disso tudo? É um gosto, um fetiche pelo sofriemento ou bipolaridade?
Um cigarro me faz bem e não me faz sofer. E também se fizer tem gente paga pra desfazer.

Então depois da caminhada pela vida alheia dos outros eu volto para a minha e dou de cara com a muralha da China. A fortaleza que ninguém penetra. O grande mistério é saber se ninguém penetra por que eu não deixo ou por que simplismente ninguem descobriu o código secreto. Será como aquela história da espada na pedra onde somente o verdadeiro guerreiro poderia tirá-la com facilidade? Já acreditei nas duas teorias. Ainda ontem acreditava na teoria que alguém só entrava se eu deixasse, na verdade, acreditava até alguns minutos atrás... e agora depois de um cigarro e uma música, já acredito que a fortaleza é realmente fechada. Se pelo menos eu soubessequal é a chave eu poderia jogá-la da mais alta torre para que alguem a pegue lá em baixo e entre. Mas não...

E na sacada fumando um cigarro atrás do outro e entre um gole de cerveja e outro, ouvindo aquela música que para todos nao passa de sons estranhos com vozes estranguladoras. Bem, para mim tá bom assim. A fiel cadeira de plástico onde os pensamentos fluem muito além do que posso ver. Mas ultimamente não anda trazendo boas lembranças ou boas esperanças. Never Lose Hope fiz a tatuagem em minhas costas, a qual sem ela acredito que ja estaria perdidas nesse ponto, então agradeço por ter a feito a tempo. Keeps me going, se é que me entendes.

E paro para pensar no que anda acontecendo, as decisões que ando tomando. Parecem tão certas mas tão erradas, ao mesmo tempo que indispensáveis. Alguma decisão afinal tenho que tomar, nao posso ficar parado esperando coisas cairem do céu ou o máximo que ei de levar será granizo ou um raio. Ou ser o primeiro relato de 4 raios no mesmo lugar. Prefiro não me arriscar.

E então me vejo ao mesmo tempo que sozinho, rodeado de pessoas. Masse estou tão rodeado assim então porque sozinho? Good question. No answer found yet. E faço coisas absurdas. Coisas absurdas, escolhas inacreditavéis. Eu sei que assim são os adjetivos para elas, mesmo fazendo-as.
E o relógio traiçoeiro diz que é hora de dormir mas a cabeça não me deixa. Pede para escrever por que o peso já está grande demais. De novo. Então trago para checar que os pulmões ainda não desistiram de respirar.

Um maluco na night aparece e diz que quer tentar. Na verdade diz: "Vamos ficar e ver no que dá". E ver no que dá... ok, eu tava afim dele ha algum tempo já... meeesmo... e digamos que ouvir isso fez a palavra HOPE voltar um pouco a minha vida. E o sorriso voltou e aquele friozinho na barriga que não sentia a muito tempo veio junto. Será dessa vez? Temos muitas e muitas diferenças não posso negar, mas claro, nossos fortes pontos em comum também. Dizem que os opostos se atraem, nunca tive a oportunidade de tentar, então, verei também "no que dá".
Mas me faz bem, pelo menos o 10 de março me fez, e assim também e muito bem o 11 de março. E o 12 de março também, até certa hora. Por que? Já veio a primeira despedida r
apida curta e pseudo grossa.
E ponto. sulficiente para o cigarro voltar a queimar da forma que queimava antes.
Sulficiente para a cerveja voltar a descer como água e a música completar os espaços sem som.

Mas tá, tavez amanhã volte a ser como era, ou tabém eu que estou querendo apressar as coisas demais talvez pelo desespero de querer algo novo de uma vez, de voltar a sentir um calorzinho aqui dentro, ou como eu senti na noite de dez de março, um peso extra. Se é a coisa certa, nada que em uma semana eu não saiba. Por enquanto que fique no chove e não molha como diz minha fiel escudeira. Mas dai nessa madrugada quase manhã para o treze de março, espero que o número do azar não influencie e tudo corra bem, ou no quatorze será eu mais uma vez andando pela atlântica, shoppings e vitrines da cidade. Poluindo a ruas com tocos de cigarros e o ar automaticamente. Algo me diz que será assim, mas antes disso quero dar pelo menos mais um passo. Para aonde? Sei lá, mas espero que seja para o aprendizado. Se vale a pena todo o choro, as brigas, o stress que vejo os outros passando, ou os que eu mesmo já passei e muitos, não sei. Mas sinto saudades de descobrir e viver por conta. Será que tem alguém ai ? Alô?

Albert Camus once wrote; blessed are the hearts that can bend. They shall never be broken. But i wonder...if there's no breaking, then there's no healing.And if there's no healing,then there's no learning. And if there's no learning, then there's no struggle. But if the struggle is is a a part of life, so must all hearts be broken?

terça-feira, 4 de março de 2008

Intuição não passa de sorte

sempre fui dito para seguir minha intuição. o problema é se ela é realmente a forma mais correta de resolver as coisas. minha intuição diz que se eu ascender um cigarro agora, vai me fazer melhor. já meu médico discorda.
ela também me diz que sair com os amigos para beber pode me distrair e fazer-me sorrir por algumas horas, ou que é hora de ficar em casa e chorar assistindo um romance típico americano.
é confuso.
a intuiçao na verdade nao passa de uma mistura de várias influencias. sentimentos. o entusiasmo de seguir em frente, o medo de se machucar.
a felicidade momentanea, é realmente feliz assim ou apenas estamos tao bem que deixamos de perceber o que esta errado?
e quando alguma coisa da errado, tudo dá errado.
será que tudo dá errado coincidentemente ou apenas nós passamos a ser pessimistas e ver o lado ruin de tudo ao redor esquecendo do bom?
e cade a intuição? nao existe.
existe a sorte de uma escolha dar certo como não. existe a confiaça que dessa vez vai ser diferente, ou não.
Tudo não passa de 50%. todas as ecolhas que fizemos não passam de uma pequena loteria.
acerte e viva feliz , erre e continue tentando. ou não, se sua intuição preferir.
o certo nem sempre parece tão certo e o errado pode ser mais certo do que pensamos.
por isso agora vou fumar e depois assistir um romance americano. essa é agora a minha vontade, não por que a minha intuição diz.

segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

@2 No Talk

Da janela do avião eu via tudo. O dia estava amanhacendo, uma fraca luz laranjada no meio da escuridão. As luzes das casas, ruas, prédios e carros. Erguia-se no centro da cidade uma enorme e colorida torre. Um sorriso em meu rosto, e um sonho sendo realizado no mesmo instante. Enfim moraria no exterior por um ano todo.

Pessoas estranhas era tudo o que eu via na escola. Não que eu estava a procura desesperada, mas pessoas bonitas não eram faceis de serem encontradas no meio da multidão de alunos que estudavam na maior escola da Nova Zelândia . Dois mil e quinhentos alunos pra ser mais exato. Uma semana de aula ja foi o sulficiente pra encontrar uma amiga que minutos depois de te-la conhecido ja me contava de sua orientação sexual, lésbica. Na verdade ela se assumiu meio que sem querer, quando encontrou outra amiga e pediu: Cade minha namorada? Nisso ela me olhou assustada, e eu logo a tranquilizei: Não não tudo bem, somos dois ;)

Na hora do intervalo para o almoço, fui então me enturmar com o "pessoal" da minha amiga. Enfim, se tinha um hetero no meio, era muito. Me senti bem a vontade pra falar de tudo e já começar contando e ouvindo histórias. Lembro-me como se fosse hoje, eu sentado no corrimão da escadaria, quando um loiro , de olhos e pele clara, magro e alto... passou por nós. Meus olhos se fixaram naquela pessoa e parecia que tudo tinha parado naquele instante, a não ser sua caminhada até o próximo bloco. Foi então que ele me olhou, de longe, e eu com cara de bobo la estava parado olhando também. Ele continuou a caminhar mais um metro e então olhou para trás novamente. O coração disparou. Ele tinha reparado em mim.

Na mesma noite a imagem dele não saia da minha cabeça. E consequentemente a expectativa do amanhã. Que passou num piscar de olhos, logo lá estava eu na frente do "B Block" ainda antes da aula começar. E lá estava ele. O tal loiro que eu não sabia nada a respeito, ainda. Eu só queria ficar ali parado, olhando o dia inteiro se fosse possivel. Alguns dias se passaram, e eu contei da minha opçao sexual pra minha melhor amiga, não a lésbica, uma amiga da sala de matemática que mesmo que conhecendo a pouco tempo, já tinha ganhado muito minha simpatia.

-Tenho uma coisa pra te contar... mas não sei qual vai ser sua reação.
-Ai John, conta de uma vez sem enrolação. O que foi?
-Então, eu sou gay... gosto de meninos...
-Sério? Não se preocupe com isso, eu sou super cabeça aberta, gosto de você o mesmo, ou até mais... sempre quis ter um amigo gay.

E então ambos caimos no riso até o professor nos chamar atenção. Questão de segundos até continuarmos a convers. Eu tinha que saber o nome dele, mesmo sem muita esperança que ela saiba.

-Sabe, tem um menino loiro, alto, magro... bem lindo que fica sempre na frente do bloco B... cabelo estilo moicano... eu preciso saber pelo menos o nome dele..
-É um que tem uma mochila esquisita azul?
-Bem esse! Tu sabe o nome dele?
-Victor. Ele ta no ano 13 , mas ele rodou em quimica e eu estudo com ele.

Eu sorri. Então o nome dele é Victor. Até o final desse mesmo dia, já estava escrito "Victor" em várias paginas do meu caderno. O tão esperado intervalo finalmente chegou, e lá fui eu encontrar meus amigos atras do bloco B. Cada pouco eu olhava ao redor para ver se ele passava. E nesse intervalo ele não passou. Então, quem passaria na frente do bloco seria eu. Pedi se alguem me acompanharia, e fui com uma amiga. Tentando fingir uma naturalidade que na verdade não existia, eu o vi de longe, sentado como sempre na mesma mesa, no mesmo lugar. Caminhei em direção. Ele me viu. Me olhou. Não sei por que, mas nao consegui manter o olhar, e desviei. Quando olhei de novo, ele ja não estava olhando mais. Passei. Olhei mais uma vez para tras, e vi o que eu mais queria, ele olhando para tras também. Tive que me segurar, e muito pra não dar aquele grito acompanhado de um pulo de felicidade. Mais uma vez, ele olhou para mim.

Dias se passaram. E cada dia eu descobria uma coisa nova. Até o final do primeiro trimeste, eu já sabia que tinha um irmão que por sinal eu ja o tinha visto pela escola. Que sua familia tinha vindo da Africa Do Sul a três anos. Mas a pior descoberta, eu vi com meus proprios olhos.

Estava chovendo, e não tinhamos como ficar atras do bloco B como sempre, então, tivemos que ir para a frente, onde tinha coberto. Claro, que pra mim não foi nem um pouco dificil trocar de lugar, nada melhor que uma hora inteira vendo o Victor ali sentado. Sentamos numa mesa ao lado da dele. Mas pouco adiantava, ele estava de costas. Depois de alguns minutos uma guria morena chegou perto e sentou do lado dele. Cumprimentada por um beijo. Eu parei naquele momento, sentia alguma coisa estranha por dentro. Uma provavel mistura de ciumes com inveja, ódio e repressão. Mas eu continuei ali parado olhando até alguém me chamar. O intervalo chegou ao fim. E assim, o primeiro trimeste. Na escola que eu estudava, temos 3 meses de aula, e duas semanas de férias. Ou seja, passaria duas semanas sem ver ele. E o "até logo" não foi dos mais prazerosos. Enfim, fui pra casa com aquela imagem na cabeça, que durou pelas próximas duas semanas também. Ele tinha namorada.

Várias coisas passaram sobre minha cabeça nessas semanas. Entre elas, que eu não tinha todo o tempo do mundo pra falar com ele, coisa que eu ainda não tinha feito. Mas também não sabia se eu realmente queria, medo de me machucar. Talvez era melhor se continuasse assim, apenas observando. Mas isso estava me sufocando por dentro, todo esse mistério e toda essa obscuridade. Eu precisava falar com ele. Mas como? Sai de casa para dar uma volta no parque como sempre. Fumar um cigarro para relaxar. Eu e meu iPod, música no ultimo volume. Cabeça não parava de pensar em milhões de possibilidades. Foi então que sentado na grama olhando para o nada, eu escuto passos de aproximando. Virei e olhei, tinha um loiro correndo pela trilha de concreto que fazia um circulo ao redor do parque. Ele foi se aproximando de onde eu estava sentado, foi então que a respiração travou. Era ele. Conforme ele veio se aproximando, tenho certeza que me viu. Eu não sabia o que fazer. Seria um sinal pra finalmente eu falar com ele? Mas eu mal conseguia me mexer, muito menos falar alguma coisa. Ele passou e foi se afastando. Eu o acompanhei com o olhar até ele fazer a curva e voltar pelo outro lado. Lá de baixo eu vi ele olhar em minha direção, mas foi quando ele voltava, que realmente tive a certeza que ele me viu. Ele me olhava, correndo. Eu o observava de longe, sentado. E assim foi por alguns longos segundos. Nem ele e muito menos eu mexemos a boca para falar um simples "Hi". Ele se foi. Voltei a respirar.

As aulas finalmente voltaram. E lá estava ele, no seu autêntico bloco B. Já fazia um pouco de frio, mais uma desculpa para eu desfilar na frente do bloco B a cada quinze minutos para ir até a caferetia da escola buscar um café. Nunca tomei tanto café na minha vida quanto nesse inverno. Mas era por uma boa causa. Foi em um intervalo que tomei a primeira decisão, ele vai saber pelo menos que eu sei quem é ele. Sentado atras do bloco B, ele passou como sempre, me olhou e continou a caminhar. Uma amiga então gritou "Victor!" Ele parou e virou, não muito perto, mas parou. Junto mais uma vez parou minha respiração, e lá estava a cena épica. Ele foi chamado pelo nome, virou esperando uma resposta. E eu, a pessoa que poderia lhe dar a resposta, também parado. Certamente ele percebeu que minha amiga teria gritado sem qualquer intenção dela de falar com ele, e muito menos minha. Ele deu um leve sorriso de "ah, entendi" , virou-se e continuou a caminhar.

Era já inverno, fazia muito frio, mas não me impedia de ir ao parque como sempre. Depois daquele dia , todos os dias que eu ia ao parque tinha uma segunda intenção, a de reve-lo. Fui inumeras vezes lá, mas não o via fazia uns dois meses já. Sentado sobre uma mesa de madeira vendo o sol se por, a luz fraca a pálida como a unica fonte de calor, foi então que vi o que tanto queria. La vinha ele, dessa vez não estava correndo como da ultima vez, mas apenas passeando com um grande cachorro branco. Ele me olhou, e desviou o olhar tão rapidamente que fiquei sem graça. E foi só isso. Deu a volta pela pista com seu cachorro, correu umpouco pra lá e pra cá brincando, até rolou-se um pouco na grama enquanto seu cachorro pisava sobre ele. Risadas. Latidos. E eu ali, parado observando rindo da cena. Mas ao mesmo tempo que, por dentro, estava desapontado com apenas o pequeno o olhar de "ah, você". Logo mais estaria ele indo embora com seu cachorro e eu ainda estaria ali sentado o observando. Foi quando decidi que dessa vez não seria tão previsivel, fui eu quem sai de lá primeiro, sem olhar para tras, e tomei meu rumo para casa. Segundos antes de virar a direita para pegar a rua de casa, ouvi o ronco de um carro passando por mim, olhei, e lá estava você voltando para casa também. Por um momento até estranhei o fato de ter saido tão rapido, afinal, parecia bem entretido. Seria pra chamar minha atenção? Sim. Ou não. Não sabia e temia nunca saber.

Depois desse dia decidi pequenas coisas antes de dormir. Chega de passar varias vezes pelo bloco B. Chega de gritar seu nome ou encará-lo o tempo todo, afinal, já deve estar mais do que na cara que eu sentia alguma coisa. E no ultimo dia de aula antes das férias de inverno, tive o empurrão final para passar essa fase. Passando pelo bloco B em um uma simples troca de aula, ao me aproximar vi Victor e uns amigos por la conversando, e um de seus amigos ao me ver gritou "Victor!" e caiu na gargalhada. Olhei com uma cara de cinismo e seu amigo e também sua namorada riam descontroladamente. Porém Victor apenas disfarçava um sorrisinho meia boca. Seria o fim para essa hist;oria que comecei a considerar patética e humilhante. Enfim férias.

Essas férias eu viajaria com minha amiga do Brasil por todo o pais e me atrasaria em 3 dias no retorno das aulas. Confesso que durante a viajem me peguei varias vezes pensando em Victor e tudo isso. Mas assim que percebia, me chingava e mudava de pensamento, ou pelo menos tentava. A viajem acabou. Já estava três dias atrasado pra o retorno das aulas. Terceiro Primeiro dia de aula. E por incrivel que pareça, a primeira coisa que fiz ao chegar no colégio, não foi espiar se ele estava no Bloco B, mas sim mostrar a escola a minha amiga brasileira que estudaria ali comigo no meu ultimo trimestre. Sim, mais tres meses e eu voltaria ao Brasil. Já não era tempo de lutar por mais nada ou tentar. Apenas deixar as coisas como estão. Embora minha amiga lésbica insistia que Victor parecia desesperado quando voltou de férias e supostamente não me viu pela escola. Diz ela que ele passava de minuto a minutos por meus amigos olhando e "me procurando".

- Será que um dia ele vai saber de tuda essa história Paree?
-A não ser que você quer que eu conte quando você for embora, mas acho que vai soar estranho...
- Sabe, acho que na verdade toda essa história é estranha... me sinto tolo, mas ao mesmo tempo sei que não é tolice, sinto... bem, não sei o que sinto...
-Deixa assim John, deixa como está...

Depois dessa conversa na ultima aula de matematica, fui para casa. Onibus, como sempre. Mas dessa vez eu estava quieto, fitando a janela e tudo que por ela transparecia. Foi então que chegando perto de casa, eu vi seu carro estacionado na frente de uma casa. Mais que isso, ele estava parado em frente a porta com as chaves na mão, abrindo-a. Ele morava duas ruas acima de onde eu morava. Eu queria morrer. "Esse filho da puta poderia morar em qualquer rua em qualquer bairro dessa cidade de Auckland, e ele vem morar duas ruas acima da minha casa?!" Toda essa história tava passando por coincidencia demais para meu gosto. Foi então que pensamentos de tentar falar com ele voltaram a minha cabeça. E foi nessa noite que eu tive o primeiro sonho com ele. O sonho? Sim, foi o melhor sonho que eu poderia ter. Acordei querendo não acordar, e jurava sentir o gosto de sua boca ainda na minha. Mas foi só um sonho...

Então Paree nas proximas semanas vem me contar que começou a conversar com ele na aula. E para maior desgraça, ele já namora a mais de um ano com aquela garota que eu jurava ser a errada da vida dele. "Deve ser boa de cama" era tudo o que eu conseguia pensar para eles estarem juntos a tanto tempo , ela sendo tão... sem graça. Mas, certas coisas apenas admitem-se, e gosto é uma delas.

Festa final de semana. Em um Surf Club. Longe, bem longe de West Auckalnd, mas nada que um carro não resolveu nosso problema. Eu, minha amiga brasileira, duas italianas, e uma neo-zelandesa. Chegamos ao surf club e logo na estrada me deparei com um dos amigos do Victor cuidando da portaria, bebado. Sim, era o mesmo que tinha gritado aquele dia na escola. Queria me esconder. Estava com um pouco de medo que ele, bebado, me visse e então comentasse alguma coisa embarassosa. Mas eu já estava lá, teria que entrar. Me aproximei, ele olhou pra mim e surpreendemente disse:

- Oi John! Não imaginava que nosso amigo brasileiro daria as honras por aqui! Espero que se divirta com nós kiwis. Josh! - Ele gritou para um menino também já conhecido de vista - Faz um cocktail esperto para nosso brasileiro.

Eu fiquei ali, minha cabeça estava sem pensar em nada , e meu corpo apenas seguia o fluxo até aonde o Josh estava, me esperando com um drink na mão. Me cumprimentou com um abraço e me entregou o drink. Agradeci, e caminhei para um canto da festa para processar toda essa informação. Olhei ao redor para ver se tinha algum conhecido, e sim, tinha. Victor. Com uma toca escura escondendo seu cabelo loiro, o que apenas realçava uns lindos olhos azuis claros que brilhavam quando as luzes o iluminavam. Entrei na pista de dança logo atras dele, e então posso eu dizer que tivemos o primeiro "contato". Não sabia para aonde meus pés estavam indo ou se eu realmente estava dançando ou parado, e muito menos que musica tocava. O importante era que eu podia senti-lo logo atras de mim dançando, enquanto sua jaqueta preta e a minha se encostavam conforme a dança. Foi a primeira vez desde o começo do ano em que eu cheguei realmente perto dele. E ele por ali ficou por longos minutos , até sua amiga o chamar. De repente a minh amiga brasileira chega pra mim e diz

- John tu viu o Victor?
- Vi sim...
- Mas tu sabe por que ele foi embora tão cedo?
- Ele já foi? Mas eu tava com ele perto de mim até agora
-Parece que a amiga dele tá passando mal e ele foi leva-la pra casa.

Droga. Era tudo que eu NAO precisava nesse momento. Seria tão mais sociavel ambos com alcool no sangue finalmente termos nossa primeira conversa. Ódio. Mas eu resolvi esperar ele voltar, enquanto isso fui bebendo para criar coragem. Uma hora passou. Duas. Tres, e ele não voltou.
Fomos para casa. Dias depois a Paree me contou que ele disse que a namorada dele que não tinha ido a festa havia descoberto e encrencado, motivo pelo qual ele não voltou. Agora sim eu queria que aquela vaca morresse.

Depois de um filme pela madrugada, Closer, uma poesia sem término saiu.

Era apenas começo das aulas

Ultimas semanas do verão

E quando caminhava aos arredores

Da escola cheia porem desconhecida

Uma visão para meu caminho

E segura-me inerte por infinitos segundos

Meu coração batia mais forte

Meus olhos correndo todo o seu corpo...

Já nos vimos antes?

A impressão da antiga familiaridade

Da relação de anos e anos

Mas na verdade não

Você não passava de um estranho

Ou talvez pra você

Quem não passava de um estranho era eu.

Semanas se passam e reparo que você por alguma razão tambem reparava em mim

Olhares era a palavra exata

Numa troca de olhares que diziam tudo,

Mas ao mesmo tempo nada

Meses passam voando,

Você, namorando

Por alguma razão era como se você fosse muito para ela

Que essa nao era a pessoa certa para ti...

Mas quem era eu pra julgar quem te merece ou não

Se nunca nos falamos...

E muitos menos como julgaria sua namorada se nunca tinha a visto antes:

Conformação...

percebi que eu realmente se importava com você

Estava sempre anscioso para te ver no próximo dia

Mesmo com a namorada

Só queria te ver e ter certeza que você estava bem.

E para mim era o sulficiente.

Então a noticia que teria de partir

Faz com que meus sentimentos sobre você se revelem

E tudo o que eu sentia

E tudo no que eu pensava

Era uma maneira de falar com você

Uma maneira de tocar em você nem que fosse como amigo

Apenas sentir-te

Mas como:

Noites sem dormir

Fins de semana interminaveis

Longas cartas pra ninguém...

Na festa em que te encontrei

Cedo voce teve que deixar

E as esperancas de la com voce conversar

Somem no momento em que vejo voce partir.

_________________________________________________________________

Ultimo dia de aula para mim, na proxima semana eu estaria partindo sem data programada para voltar. Aula de bilogia, bloco de ciencias. Eu sabia que ele estudava na sala em cima da minha quimica ao mesmo tempo. Motivo pelo qual que desde que soube disso pela Paree, eu saia correndo da aula pra ver ele sair e caminhar até sua proxima aula, ciência da computação. Sim, eu esqueci de comentar que eu sabia até a sequencia das aulas dele. O que é meio assustador. Enfim. Nesse dia em especial como era o ultimo pra mim, fiquei um tempo mais conversando com a professora. Sabia eu que talvez nunca mais o visse, mas eu queria me despedir propriamente da minha professora. Quando sai da aula, o bloco ja estava vazio. Quase na saida, em frente as escadas de onde eu sempre via ele descer, minha amiga mandou eu esperar que ela esqueceu o livro na sala. Eu esperei. E inesperadamente no meio do vazio eu ouço passos cindo do segundo andar. Olhei para a escadaria e la descia ele, sozinho. Estava eu e ele no meio daquele Hall enorme. Ele me olhou novamente e desceu as escadas, tão devagar que parecia que estava dando tempo pra eu tomar coragem de falar com ele. E ele descia tão devagar... passo a passo. E passo a passo eu o acompanhei, mas meus musculos não conseguiram se mecher. Ele passou por mim, me olhou, e continou. Saiu do bloco de ciencias, e subiu a rua. Atravez da enorme fachada de vidro do bloco, ele olhou para tras e parou. Eu retibui o olhar. Nao contive o riso. E ele o retribuiu e continou a subir. Estava eu ciente que era a ultima vez que o veria, mas ele creio que não sabia.

Me odiei o resto das aulas por nao ter dito "Hi". Ao mesmo tempo que tentava me convencer que foi o melhor ,afinal, se no ultimo dia eu criasse um laço com ele de amizade pelo menos, eu não iria mais querer ir embora. Lembrei de minha amiga dizendo: "Just let it go". E eu deixei.
Mas ainda o vi mais uma vez. Definitivamente e até hoje a ultima vez. Sentado no meu onibus, esperando todo mundo embarcar para ir embora, eu o vi na multidão de pessoas tomando seu rumo. Sem ele ver eu acenei um "Goodbye" e no mesmo instante ele olhou para o onibus, e finalmente para mim. Ele parou. Eu estava enrolado a uma bandeira da Nova Zelandia, com uma cara toda lavada de lagrimas, olhso vermelhos de tanto chorar nas despedidas. Provavelmente ele se tocou que eu estava indo embora. Me olhou. Eu dessa vez não ousei desviar o olhar por um segundo se quer. Lagrimas escorreram silenciosamente por meus rosto. Ele, estava com uma expressão indescritivel em sua face, uma espécia de tristeza com surpreso. E o onibus partiu. E nosso olhar se manteve até eu perde-lo de vista. Lágrimas. Saber o que realmente foi tudo isso, creio que nunca sabarei. O que se passava na cabeça dele, se era algo tão sério quanto em mim, ou nada de mais... se foi certo nunca ter dito uma palavra ou não... ainda hoje paro e lembro de tudo, vejo suas fotos que tirei escondido em meu computador. Uma certa forma de saudade. Maybe someday I will see you again.

domingo, 20 de janeiro de 2008

#1 Only The First


Tudo foi tão rápido... nunca tinhamos tido uma conversa tão "honesta" antes. As palavras e termos não foram necessariamente os exatos, mas ambos entendiamos do que estavamos falando. Não sei se foi a bebida que nos possibilitou essa conversa, ou simplismente a grande necessidade de ambos de finalmente falar sobre esse assunto, que até então era cheio de mistérios.
Mas foi entre um trago e outro que tudo aconteceu. Voltei e você estava ali sentado, com uma amiga. Entre as conversas, mantinhamos a nossa paralelamente sem chamar muita atenção.

- Você não me ligou hoje
- É , eu sei
- Como se eu ainda esperasse que me ligaria, afinal, desde que esta aqui me ligou 2 vezes se for muito.
- Liguei mais
- Não. Por que você faz isso?
- Isso o que?
- Você some assim.
- Eu nunca sumi...
- Ah não? - e um breve silêncio - Você some. Dai volta. E então some de novo. E volta. Some. Volta...
- Tem coisas que não tem nexo. Que depois de um tempo vivido, de alguns relacionamentos... bom, eu sai de um namoro de um ano e meio, e um casamento de um ano e meio também... talvez hoje você não entenda.
- Então o problema é comigo? é por que eu moro em Balneário e você em São Paulo? é por que eu tenho 17 e hoje você 24? É por...
- É , é também... mas embora você tenha 17 eu sei que você é muito mais vivido do que aparenta... mas sim,não tem como dar certo, não tem por o que se iludir, ou por o que lutar por.

E foi então que houve uma interrupção. E o restante da conversa teria que ficar para depois. Um trago. Um gole na cerveja quente. Um sorriso falso pra enganar enquanto Nenhum De Nós tocava no bar.

Eu vi você pela primeira vez na televisão. Há dois anos. Saber que você coincidentemente tem os pais na mesma e cidade pacata do oeste que eu, me deixou surpreso. Mas surpreso e feliz, foi logo descobrir que tinhamos amigos em comum, e que em breve você estaria por "aqui". Contando os dias , horas e minutos para você chegar, eu ficava deitado na cama imaginando o homem mais lindo que eu ja tinha visto que supostamente estaria ao meu alcance .
E assim você chegou. Lembro-me como se fosse ontem do telefonema de meu amigo: " Estamos passando ai de carro! Ele está aqui comigo!" . Foi dificil impedir que meu coração pulasse pela boca ao mesmo tempo que mantendo o corpo oxigenado. E você chegou. E fomos apresentados. Logo de cara muitas risadas e muita conversa. Sonhei com você.

Passei a nos ver todos os dias. Ele estava a organizar uma festa na cidade e eu, mais que lijeiramente, me inclui na organização. Selecionaria as músicas e ajudaria na decoração. Todos os fins de tardes eram iguais, porém, diferentes. Na casa da amiga que seria a festa. Sim, seria em todo o andar inferior da mansão. Logo, descobri o que até então foi o primeiro desapontamento. Ele estava combinando de encontrar um outro rapaz na festa. Ao mesmo tempo que parecia se importar comigo, comecei a lutar para interpretar sua enorme simpátia apenas sendo então amizade. Pelo menos teria um amigo. Um dia antes da festa passamos a tarde juntos no meu computador gravando cds. Foi umatarde maravilhosa. Tudo parecia tão bem que até me esqueci de seu "casinho". Mas não foi por muito tempo, pelo menos não até eu deitar minha cabeça sobre o travesseiro.

O dia da festa chegou e passamos a tarde toda arrumando o local. Mas dessa vez seu celular contantemente mandando e recebendo mensagens não me deixou esquecer que eu não seria o único o desejando naquela noite. Me conformei. Realmente me conformei mesmo. O longo banho antes da festa foi como uma terapia para encarar tudo que aocntecesse na festa de forma positiva e seguir em frente. O carro businou na rente de casa, e então fomos todos juntos a festa. Chegando lá organizei o som, as luzes, as velas... Bem vindo a primeira festa gay da cidade.

De qualquer forma eu estava animado. As pessoas pareciam que estavam curtindo a música. Volta e meia que descia na pista dançar um pouco enquanto meu amigo tomava conta do som pra mim. Foi então que vi a cena que me fez parar por um momento. Ele estava abraçado a um rapaz. " O tal" foi o que automaticamente pensei. E então voltei. Em outra de minhas inumeras decidas até a pista, fiquei brevemente com um outro rapaz que também era muito bonito, mas não consegui mais que 5 minutos. Voltei ao som. Sai. Voltei. Dancei. Bebi. Fumei. Sai... então percebi que não havia ninguém cuidando do som. Voltei rapidinho e me deparei com ele e uma amiga sentados em uma cadeira mas cuidando do som. Ele me viu e levantou. Eu fingi uma incrivel naturalidade e indiferença a respeito. E dancei e estampei na cara um leve sorriso. E lá estava eu e ele dançando juntos no stage. Foi quando muito rapidamente sua mão encontrou a minha no meio da dança, e então me puxou para mais perto. Tão perto. O primeiro beijo. Lembro-me de skazi estar tocando no momento, e de nossos pés que ainda tentavam manter um passo ritmado da música enquanto nossas bocas estavam grudadas e nossos braços entrelaçados. Mas não foi muito tempo é desistirmos disso e nos entregarmos completamente ao beijo.

Foi no corredor escuro e vazio, logo atrás, que você me encostou na parede e segurou meus braços erguidos enquanto sua boca percorria meu pescoço. Minha boca. Meu pescoço. Minhas orelhas. Arrepio. Sorriso. Beijo. Andamos mais um pouco e havia um quarto totalmente vazio, com apenas um colchão de casal não muito confortável. Você me derrubou ali, e logo então eu te puxei. Rolamos pra lá e pra cá. Nossas coisas cairam dos bolsos e espalharam-se pelo colchão. Nessa altura, ninguém mais cuidava do som, e ouvia-se as longas pausas entre uma música e outra e, claro, gritos de indignação do público. Mas não interessava. Nem um pouco. Pelo menos não a mim.

Depois de muitos beijos e abraços, apertos e escorregões, a festa tinha acabado. Descemos ao lounge da festa, bem na entrada, aonde tinha um enorme puff branco. Ainda a música tocava e agora só nossos amigos bebados dançando. Deitamos, abraçados, e dormimos. Meus braços sobre o seu corpo. Nossas pernas quase fazendo um nó. E só então me recordo de risadas, abrir os olhos, e ver meu amigo com um extintor na mão nos acordando.
Fumaça pra todo o lado. Rimos. Foi só ao tempo de me levantar e ascendermos as luzes da casa que meu pai apareceu la dentro. Com uma cara de bravo que já seria outra história. Quase sete horas da manhã. Ainda tive coragem de pedir para meu pai leva-lo até em casa. Mas eu não estava nem ai pra qualquer cisa que me pai falasse e me chingasse, minha cabeça ainda estava nos momentos mágicos que tinham recém acabados.